Lula diz a TV americana que não quer ser refém dos Estados Unidos e que Trump não é 'imperador do mundo'
17/07/2025
(Foto: Reprodução) Por que o PIX virou alvo de Trump em investigação comercial contra o Brasil?
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (17) em entrevista a uma TV americana que não quer ser refém dos Estados Unidos e que busca liberdade para o comércio internacional.
"Ninguém quer se separar dos EUA, ninguém quer ser livre dos EUA, o que queremos não é ser reféns dos EUA, queremos liberdade, não queremos ser reféns dos EUA", afirmou Lula em entrevista à jornalista Cristina Amanpour, da CNN Internacional.
O presidente também afirmou que Trump não foi eleito para ser "imperador do mundo".
"Não podemos deixar o Presidente Trump esquecer que ele foi eleito para governar os EUA. Ele não foi eleito para ser o imperador do mundo", disse Lula.
Após a fala de Lula, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, "não está tentando ser o imperador do mundo".
"O presidente certamente não está tentando ser o imperador do mundo. Ele é um presidente forte dos Estados Unidos da América e também é o líder do mundo livre. E vimos uma grande mudança em todo o globo por causa da liderança firme deste presidente", disse Leavitt.
Lula afirmou ainda que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem demonstrado que não está interessado em negociar e que acredita poder fazer o que quer com as tarifas que tem imposto aos países.
Em carta endereçada ao presidente Lula em 9 de julho, Trump anunciou que elevaria a taxa do Brasil em 50% por ter uma relação comercial "injusta" com o país. Os dados oficiais, no entanto, mostram que os norte-americanos têm vantagem na balança comercial.
Arquivo: Presidente do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva, e o presidente dos EUA, Donald Trump.
Kazuhiro Nogi e Jim Watson/AFP
Além disso, o republicano citou Jair Bolsonaro (PL) e disse ser "uma vergonha internacional" o julgamento do ex-presidente no Supremo Tribunal Federal (STF).
Ao ser questionado sobre as diferenças ideológicas com Donald Trump, Lula disse que não vê o presidente dos Estados Unidos como um político de extrema-direita e sim como o presidente eleito para representar o povo americano.
"Não vejo o presidente Trump como um presidente de extrema-direita. Vejo como o presidente dos EUA, ele foi eleito pelo povo americano", afirmou Lula.
Relações entre Brasil e Estados Unidos
Durante a entrevista, Lula afirmou que apesar do tarifaço de Trump, ainda não vê uma crise com os Estados Unidos e que historicamente o Brasil teve boas relações com os presidentes americanos.
"O Brasil gosta de negociar em paz. É assim que eu ajo, e acho que é assim que todos os presidentes deveriam agir. E penso o mesmo sobre o Presidente Trump, que o Brasil é um aliado histórico dos EUA. O Brasil valoriza as relações econômicas que tem com os EUA, mas o Brasil não aceitará nada imposto a ele de outro país. Aceitamos negociação e não imposição".
Ao receber a notícia da carta enviada pelo presidente dos Estados Unidos, Lula disse que não acreditou no conteúdo e que achava que se tratava de uma 'fake news' e que o Brasil vai dar uma resposta "no momento certo".
“Quando eu li a carta eu achei que fosse Fake News e depois vi que era uma carta assinada pelo presidente Trump”, disse.
Na quarta-feira (16), o Brasil enviou uma carta aos Estados Unidos em que manifestou "indignação" com a tarifa, informou estar disposto a negociar e que o Brasil acumula com os EUA "grandes déficits comerciais", ao contrário do que disse Trump. Leia abaixo a carta brasileira:
A carta enviada pelo governo brasileiro aos Estados Unidos
Reprodução
Ao ser questionado sobre o pronunciamento que fará à população brasileira na noite desta quinta, Lula se limitou a dizer que vai falar ao povo brasileiro "o que estou pensando sobre tudo isso".